Me apontas a paisagem;
é o teu dedo que eu quero.
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
Terra I
Ela me contou que em Morretes
as borboletas voam rente ao chão.
as borboletas voam rente ao chão.
Você me disse que espera,
com o fim de Abril,
o frio.
com o fim de Abril,
o frio.
Foi assim que eu soube
que as coisas não tem explicação.
que as coisas não tem explicação.
O que existe,
o que morreu,
o que é,
nada precisa de explicação.
o que morreu,
o que é,
nada precisa de explicação.
O verbo mente, a palavra trai
e o rosto é enganoso.
e o rosto é enganoso.
Mas o teu nome,
havia ainda de ser descoberto.
havia ainda de ser descoberto.
E sob o calor de Abril,
que mata impiedosamente
as borboletas em Morretes,
eu o descobri e o deixei partir.
que mata impiedosamente
as borboletas em Morretes,
eu o descobri e o deixei partir.
Terra II
Eu nada sei do Sertão,
da flor seca no chão rachado.
da flor seca no chão rachado.
Nasci entre pedra e aço,
mas tenho em mim a praia do Flamengo,
as calçadas do Palácio do Catete
e a paixão das areias de Copacabana.
mas tenho em mim a praia do Flamengo,
as calçadas do Palácio do Catete
e a paixão das areias de Copacabana.
O sol continua a atravessar caminhos,
o vento corta o rosto da rua,
já esqueci o que disseram os poetas.
o vento corta o rosto da rua,
já esqueci o que disseram os poetas.
Eu sou o Rio inteiro
e casa abandonada,
e casa abandonada,
ainda não voltei de ti.
sábado, 19 de novembro de 2016
O violão
Deve-se
saber, antes de optar por esse risco, que o interminável ensaio e experimentação
de desenvolver-se em um instrumento musical é a escolha de uma visitação
continua à presença de sua própria insuficiência. A música sempre será mais. Ela
é nascida dos ecos da memória, imperecível. Sorte ou não, enquanto o veículo apodrece,
aceitar essa servidão é o único caminho para um dia poder ascender à glória possível
diante da deterioração da carne.
Ninguém insulta o silêncio impunemente.
Ninguém insulta o silêncio impunemente.
sexta-feira, 11 de novembro de 2016
Terça-feira sem canções de amor
Terça-feira sem canções de amor,
apenas a pedra,
seu centro antipoético,
a estéril pedra, mãe da guerra
e de altares longínquos.
O lugar que existe fora de mim,
o caminho do poeta,
o coração do rio,
a ruína dos reis,
o ímovel obstáculo dos escravos.
A lança do Homem, que transpassa
e mata em mim aquilo que não sou.
A voz de Deus a nos dizer:
não.
apenas a pedra,
seu centro antipoético,
a estéril pedra, mãe da guerra
e de altares longínquos.
O lugar que existe fora de mim,
o caminho do poeta,
o coração do rio,
a ruína dos reis,
o ímovel obstáculo dos escravos.
A lança do Homem, que transpassa
e mata em mim aquilo que não sou.
A voz de Deus a nos dizer:
não.
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