tag:blogger.com,1999:blog-10323544900111219622024-03-13T23:12:26.780-07:00Marlon O.Aqui tenta-se poesia.Marlon O.http://www.blogger.com/profile/09954438534259148725noreply@blogger.comBlogger21125tag:blogger.com,1999:blog-1032354490011121962.post-87613839043367699922020-09-29T15:49:00.001-07:002020-11-06T21:19:55.265-08:00Para a menina do sonhoGuardei para mim <br />o teu sono mudo.<br /><br />Tiro os sapatos<br />para entrar neste lugar<br />de riso e memória,<br />escrevo uma história <br />dentro das palavras que iremos trocar.<br /><br />O vento faz um caminho em ti<br />que desconheço.<br /><div>Você me nega certezas,<br />não me diz qual é a sua religião, <br />não diz a que horas pensa em mim.<br /><br />Peço que não negues<br />a sucessão de coisas<br />que estão por acontecer,<br />tenho medo que adoeças.<br /><br />Tenho medo de que esqueças <br />o meu nome.<br /><br /></div><div>De onde vejo o mundo<br />já não dá mais pra voltar. </div>Marlon O.http://www.blogger.com/profile/09954438534259148725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1032354490011121962.post-79832217844870272712020-09-16T18:20:00.006-07:002020-12-03T12:20:48.809-08:00Quando já não podia de saudadesEstavas por aqui. Assídua, real, palpável. Hoje, não mais. Essa incerta presença de chuva que, quando já não podem os olhos contra as fronteiras, faz do cheiro de terra molhada o caminho que se quer.<br /><br />Não sei se voltas. Faço o quê? Me entrego para combate à fome na África? Esqueço as ofensas de Deus e tomo, enfim, também eu a via crucis? Me junto aos homens que andam às ruas? Choro com a mulher que perdeu o filho? Ao menos se o corpo me oferecesse uma ferida pela qual a dor escoasse. Mas a dor é invariavelmente qualquer coisa que não passa.<br /><br />Se voltas, faço o quê? Corto os cabelos? Adio os planos com a navalha? Dou-lhe beijinhos? Ponho à mesa xícaras para o café? Leio em bom tom para os teus ouvidos tudo isso que tenho escrito nos dias longe de ti? Espero em silêncio pacientemente o que terás a dizer? Ou faço-me, então, como os religiosos que em nada se aplicam e de nada dispõem suas vidas senão para o terror e a glória da espera? E nunca, meu amor, se sabe o que fazem aqueles que esperam.<br /><br />Prometo tatear seu corpo como um homem cego põe-se a conhecer o invisível, para que eu nunca mais esqueça teu rosto.<br /><br />Meu amor de tanto tempo, esta carta é uma confissão contra o meu próprio corpo e são estas palavras com as quais escolho me trair. Perdoa-me por tudo, menos por te amar.<br /><br /><i><br /> Para ela, 28/09/2016 </i>Marlon O.http://www.blogger.com/profile/09954438534259148725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1032354490011121962.post-88026927802638419742020-09-16T04:44:00.002-07:002020-11-06T21:20:13.078-08:00Com o lilás e o amareloQuero escrever um poema <br />e usar as palavras:<br />faca, bonita, Ester<br />Maranhão<br /><br />Mas prefiro falar sobre<br />todas aquelas coisas<br />que acontecem entre<br />a pele e o caminho<br /><br />Eu quero pôr as mãos<br />no que vem do ventre<br />e morde<br /><br />Com o lilás e o amarelo,<br />te chamar de meu amor<br /><br />Dizer-te: foi para ti<br />que ajustei os botões do tempo,<br />deixei nu o que antes era vazio,<br />que quis muito dar um outro número<br />ao nosso amor e mesmo assim, <br />não foi concedida<br />uma ferida para o corpo que dói<br /><div>(mas o coração sabe continuar)<br /><br />Não é porquê danças <br />que a terra palpita,<br />há muito o céu se move</div><div>sem o trabalho dos homens.<br /><br />"<i>et puis quand tout sera fini<br />Je mourrai.</i>"<br /></div>Marlon O.http://www.blogger.com/profile/09954438534259148725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1032354490011121962.post-57883856515706044472020-09-15T14:32:00.007-07:002020-11-06T21:20:23.415-08:00Para Cantar NasciO crítico inclina os olhos<br />para encontrar um verso bobo<br />que escrevi pra ti.<br /><br /><br />Ele quer ver verter o sangue:<br />peripatético, ovo, nevrálgico.<br /><br /><br />Quer ler um amor escondido,<br />não as palavras que eu tenho:<br />beijinhos peixinhos passarinhos<br />mar luar voltar. <br /><br />Mas não há em mim<div>vocações de dicionário,<br />e o meu coração não está aí <br />para ser visto,<br /><br />foi para cantar que nasci.</div>Marlon O.http://www.blogger.com/profile/09954438534259148725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1032354490011121962.post-45821939571992107012020-09-01T14:34:00.002-07:002020-11-06T21:20:40.880-08:00Depois do mundo acabar<div style="text-align: left;">Anota em teu caderno <br />estas palavras que seguem agora:<br />para morrer é que se precisa de um corpo,</div><div style="text-align: left;">nada mais</div><div style="text-align: left;"><br />Mas, se queres, te digo ao pé do ouvido:<br />Eu sei, meu amor, as coisas deste mundo<br />são eternamente estúpidas</div><div style="text-align: left;"><br />O cachorro, o fogo e o beijo molhado<br />não aprenderam a voltar para casa<br /><br /></div><div style="text-align: left;">Eu não sou alegre, mas sei<br />que a primavera tem gosto de geleia</div><div style="text-align: left;"><br />Resisto à noite <br />como quem nega a verdade<br />e preciso de perdão porque tardei</div><div style="text-align: left;"><br />Sigo como se não soubesses de mim<br />e muito depois do mundo acabar<br />eu ainda vou sentir saudades.</div>Marlon O.http://www.blogger.com/profile/09954438534259148725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1032354490011121962.post-56654466766273907512020-08-12T06:27:00.005-07:002020-11-06T21:20:51.933-08:00Como cego eu fosseSaber-te como sabe um dono sua casa<br />e a percorre na mais alta noite<br />sem precisar de luz.Marlon O.http://www.blogger.com/profile/09954438534259148725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1032354490011121962.post-80902851699660106182020-08-07T11:09:00.002-07:002020-11-06T21:21:27.141-08:00Poema Não CantadoVim dizer...<br />um dia como já não mais,<br />memória entre os umbrais<br />são meus ais<br />tão reais<br />terra de outrem<div><br />Na Catedral<br />fotografia Florençal<br />o meu dedo e o teu dedal<br />não te vi, mas foi real<br />teu beijo em Lucca, <br /><br />Na véspera-a-á,<br />tuas vestes de operá<br />vertem pétalas ávidas<br />um amor aquém<br />ateu<br /><br />Sim, doeu<br />quando teu rosto me esqueceu<br />minha voz já não canta mais<br />não voa mais, butterfly<br />mas eu me lembro bem<br /><br />Eu sei que é Deus quem traz o pão,<br />e o diabo é quem diz não,<br />a minha cruz é ser Adão,<br />na tua mão, punhal<br /><br />Venha me ver mais uma vez,<br />eu já voltei duas ou três,<br />meu caminho é de existir,<br />me desfazer sem ti<br /><br />Se não, Adeus<br />o que não morre é o que morreu<br />este destino já não é <br />aquele meu,<br />eu sou ninguém...</div>Marlon O.http://www.blogger.com/profile/09954438534259148725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1032354490011121962.post-72066421309044641062020-08-07T11:07:00.001-07:002023-02-21T15:18:07.892-08:00Poema Não Cantado<p> Vim dizer...</p><p>um dia como já não mais,</p><p>memória entre os umbrais</p><p>são meus ais</p><p>tão reais</p><p>terra de outrem</p><p><br /></p><p>Na Catedral</p><p>fotografia florençal</p><p>o meu dedo e o teu dedal</p><p>não te vi, mas foi real</p><p>teu beijo em Lucca, </p><p><br /></p><p>Na véspera-a-á,</p><p>tuas vestes de operá</p><p>vertem pétalas ávidas</p><p>um amor aquém</p><p>ateu</p><p><br /></p><p>Sim, doeu</p><p>quando teu rosto me esqueceu</p><p>minha voz já não canta mais</p><p>não voa mais, butterfly</p><p>mas eu me lembro bem</p><p><br /></p><p>["refrão"]</p><p>Eu sei que é Deus quem traz o pão,</p><p>e o diabo é quem diz não,</p><p>a minha cruz é ser adão,</p><p>na tua mão, punhal</p><p><br /></p><p>Venha me ver mais uma vez,</p><p>eu já voltei duas ou três,</p><p>meu caminho é de existir,</p><p>me desfazer sem ti</p><p>["refrão"]</p><p><br /></p><p>Se não, Adeus</p><p>o que não morre é o que morreu</p><p>este destino já não é </p><p>aquele meu</p><p>eu sou ninguém...</p>Marlon O.http://www.blogger.com/profile/09954438534259148725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1032354490011121962.post-78764837054136811372020-07-31T17:01:00.002-07:002020-11-06T21:21:38.484-08:00Quando Fui Ao Maracatu<div>Ela leu um poema pra mim.</div><div><br /></div><div>Ela leu um poema para mim</div><div>e me condenou ao passado.</div><div><br /></div><div>Seguro agora com os dedos </div><div>e contra o peito</div><div>teu peso, tua voz, teu olhar que me traça</div><div>como quem tem para si </div><div>uma foto antiga, o preto e o branco.</div><div><br /></div><div>Ela leu um poema para mim</div><div>e agora sou um estrangeiro.</div><div><br /></div><div>Os cômodos da sala rejeitam o meu corpo,</div><div>toco a andar na rua, a polícia me para - querem ver meus documentos,</div><div><br /></div><div>o meu irmão não me ama mais.</div><div><br /></div><div>Ela leu um poema para mim</div><div>e o tempo dobrou a palavra oboé;</div><div>ligo aos amigos, lhes suplico;</div><div>diz-me devagar: “o-bo-é”.</div><div><br /></div><div>Ela leu um poema para mim,</div><div>sonho africano de tambor e sangue.</div><div><br /></div><div><br /></div><div>Te espero taciturno e sem apetite,</div><div><br /></div><div>enquanto uma poeta mineira </div><div>alcança a caneta</div><div>para escrever sobre o medo.</div>Marlon O.http://www.blogger.com/profile/09954438534259148725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1032354490011121962.post-73419550675736307402019-12-27T05:00:00.006-08:002020-11-06T21:22:37.171-08:00As palavras voamEntre som e voo,<br />
deixa sair de ti<br />
o que de ti precisa<br />
sair.<br />
<br />
Não te inquietes;<br />
a dor e o deleite<br />
findam no mar sem forma.<br />
<br />
Aos jovens poetas,<br />
relembro:<br />
o corpo só encarna<br />
depois do toque.Marlon O.http://www.blogger.com/profile/09954438534259148725noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1032354490011121962.post-40784909968966977362019-09-09T12:26:00.003-07:002020-11-06T21:23:03.079-08:00O significado de uma nota musical<span style="color: #111111; font-family: "roboto" , "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">Li, na maior enciclopédia musical da internet, a seguinte afirmação: "Tocar uma nota e nao saber seu nome, é o mesmo que dizer uma palavra mas nao saber oq ela significa..."
É uma verdade pela metade. Qual é a identidade de uma nota? É o nome que ela leva ou o que ela significa inserida no jogo musical? Afinal, uma nota dialoga de diferentes maneiras em relação ao campo harmônico no qual está inserido. Elas podem compôr cenários diversos; azuis ou lilás, ásperos ou aveludados, rochosos ou planos; e também assim serão lidas e ouvidas, a partir de suas relações de vida, seja na canção popular ou erudita.
A música é uma linguagem em si, portanto pode ser aprendida informalmente, como nós aprendemos: primeiro, em casa; depois, no estudo formal. É só depois que absorvemos a ortografia e as regras gramaticais. Há quem seja analfabeto e poeta; não cumpre os rudimentos formais, vai direto à vida das coisas, apossando-se de significados e ressignificando outras coisas mais. Ou seja, a pessoa transcende estes significados e domina a linguagem (não a língua, pois esta é viva), então, a poesia tem seu lugar. As notas são as letras, não as palavras. Há de se fazer com elas, pois sozinhas não farão nada a si mesmas.
Chet Baker tocava tudo sem saber nome de nota alguma. É um dos maiores trompetista que já existiram. O nome da nota não é seu significado, seu som é. Atravessemos os símbolos, cheguemos àquilo que É.</span></span>Marlon O.http://www.blogger.com/profile/09954438534259148725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1032354490011121962.post-24165672118155323112017-03-21T13:06:00.003-07:002020-11-06T21:23:23.038-08:00Terça-feira, 15:23Terça-feira,<br />
<br />
Duelam em mim, o homem,<br />
que há de fazer o dia com as mãos,<br />
e o poeta.<br />
<br />
<br />Marlon O.http://www.blogger.com/profile/09954438534259148725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1032354490011121962.post-75747110223090215812016-11-28T17:21:00.006-08:002020-11-06T21:23:54.039-08:00Inútil PaisagemMe apontas a paisagem;<br />
é o teu dedo que eu quero.Marlon O.http://www.blogger.com/profile/09954438534259148725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1032354490011121962.post-69008243415019475562016-11-25T07:36:00.006-08:002020-11-06T21:24:12.493-08:00Terra I<div dir="ltr" style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
Ela me contou que em Morretes<br />
as borboletas voam rente ao chão.</div>
<div dir="ltr" style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
<br /></div>
<div dir="ltr" style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
Você me disse que espera,<br />
com o fim de Abril,<br />
o frio.</div>
<div dir="ltr" style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
<br /></div>
<div dir="ltr" style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
Foi assim que eu soube<br />
que as coisas não tem explicação.</div>
<div dir="ltr" style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
<br /></div>
<div dir="ltr" style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
O que existe,<br />
o que morreu,<br />
o que é,<br />
nada precisa de explicação.</div>
<div dir="ltr" style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
<br /></div>
<div dir="ltr" style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
O verbo mente, a palavra trai<br />
e o rosto é enganoso.</div>
<div dir="ltr" style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
<br /></div>
<div dir="ltr" style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
Mas o teu nome,<br />
havia ainda de ser descoberto.</div>
<div dir="ltr" style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
<br /></div>
<div dir="ltr" style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
E sob o calor de Abril,<br />
que mata impiedosamente<br />
as borboletas em Morretes,<br />
eu o descobri e o deixei partir.</div>
Marlon O.http://www.blogger.com/profile/09954438534259148725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1032354490011121962.post-16068578672028259182016-11-25T07:36:00.005-08:002020-11-06T21:24:05.097-08:00Terra II<div dir="ltr" style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
Eu nada sei do Sertão,<br />
da flor seca no chão rachado.</div>
<div dir="ltr" style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
<br /></div>
<div dir="ltr" style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
Nasci entre pedra e aço,<br />
mas tenho em mim a praia do Flamengo,<br />
as calçadas do Palácio do Catete<br />
e a paixão das areias de Copacabana.</div>
<div dir="ltr" style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
<br /></div>
<div dir="ltr" style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
O sol continua a atravessar caminhos,<br />
o vento corta o rosto da rua,<br />
já esqueci o que disseram os poetas.</div>
<div dir="ltr" style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
<br /></div>
<div dir="ltr" style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
Eu sou o Rio inteiro<br />
e casa abandonada,</div>
<div dir="ltr" style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
<br />
ainda não voltei de ti.</div>
Marlon O.http://www.blogger.com/profile/09954438534259148725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1032354490011121962.post-21967387259958480582016-11-19T11:31:00.001-08:002020-11-06T21:24:21.704-08:00O violão<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Deve-se
saber, antes de optar por esse risco, que o interminável ensaio e experimentação
de desenvolver-se em um instrumento musical é a escolha de uma visitação
continua à presença de sua própria insuficiência. A música sempre será mais. Ela
é nascida dos ecos da memória, imperecível. Sorte ou não, enquanto o veículo apodrece,
aceitar essa servidão é o único caminho para um dia poder ascender à glória possível
diante da deterioração da carne.</span><br />
<span lang="PT-BR"><br /></span>
Ninguém
insulta o silêncio impunemente. </div>
Marlon O.http://www.blogger.com/profile/09954438534259148725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1032354490011121962.post-66227659527861959882016-11-11T17:21:00.001-08:002020-11-06T21:24:32.929-08:00Terça-feira sem canções de amorTerça-feira sem canções de amor,<br />
apenas a pedra,<br />
seu centro antipoético,<br />
a estéril pedra, mãe da guerra<br />
e de altares longínquos.<br />
<br />
O lugar que existe fora de mim,<br />
o caminho do poeta,<br />
o coração do rio,<br />
a ruína dos reis,<br />
o ímovel obstáculo dos escravos.<br />
<br />
A lança do Homem, que transpassa<br />
e mata em mim aquilo que não sou.<br />
<br />
A voz de Deus a nos dizer:<br />
não.Marlon O.http://www.blogger.com/profile/09954438534259148725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1032354490011121962.post-25367904639777790232014-05-28T17:31:00.002-07:002022-12-17T15:30:09.787-08:00digo que sim;existo sim.<br />
<br />
diz<br />
sem mentir<br />
meu rosto refletido na janela de vidro<br />
sujo riscado ferido<br />
do ônibus.<br />
<br />
a demora grita<br />
com o passar das estações<br />
<br />
mas acredito.<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-QnaXvT2xbI8/U4Z_li-iDmI/AAAAAAAAAyw/QmwGrFgSPRQ/s1600/drops_on_windows_in_buses_by_VeraAda.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-QnaXvT2xbI8/U4Z_li-iDmI/AAAAAAAAAyw/QmwGrFgSPRQ/s1600/drops_on_windows_in_buses_by_VeraAda.jpg" height="214" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">(image by VeraAda)</span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />
<br />Marlon O.http://www.blogger.com/profile/09954438534259148725noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1032354490011121962.post-85861824432283376372014-05-20T19:21:00.002-07:002020-11-06T21:25:35.185-08:00No Caminhoa noite me lança pedras<br />
e não existe homem<br />
que risque o chão de terra<br />
a fim de salvar-me.<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-cPsHHtsPvxk/U3wMlD0HOeI/AAAAAAAAAqo/kSGoIe3HzXs/s1600/Path_by_slipknot03.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-cPsHHtsPvxk/U3wMlD0HOeI/AAAAAAAAAqo/kSGoIe3HzXs/s1600/Path_by_slipknot03.jpg" height="320" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">(image by slipknot03)</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
Marlon O.http://www.blogger.com/profile/09954438534259148725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1032354490011121962.post-82555608157342732822014-03-23T12:25:00.001-07:002020-11-06T21:25:56.722-08:00Almoço<i><span style="font-size: x-small;">Para meu pai.</span></i><br />
<i><span style="font-size: x-small;"><br /></span></i>
na vasta mesa de madeira,<br />
lugar onde cada um tem seu tamanho,<br />
amo-os dividindo meus cotovelos<br />
<br />
enquanto os garfos conversam entre si<br />
a música das patas do cãozinho<br />
rima com o encontro das facas<br />
nos pratos<br />
<br />
tendo cada um dois olhos<br />
a conversa é mais do que as bocas podem<br />
<br />
- Marlon!<br />
- me chamam à existência -<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-6VsSeool4EI/Uy8zg8YIdAI/AAAAAAAAAW8/DpYks1wbpLU/s1600/Pai.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="273" src="https://3.bp.blogspot.com/-6VsSeool4EI/Uy8zg8YIdAI/AAAAAAAAAW8/DpYks1wbpLU/s1600/Pai.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
meu nome é meu nome,<br />
e encontra repouso<br />
nos lábios de quem<br />
guarda-me na voz intocável<br />
<br />
casa -<br />
lugar onde os pés sabem do chão<br />
<br />
o riso cruza a cozinha,<br />
os sotaques se misturam,<br />
as mãos vestem-se de mãos.<br />
<br />
espio, admirando com o canto dos olhos:<br />
<br />
o pai;<br />
carinhoso, na ponta,<br />
esquece de todos por um ato<br />
inclinando os olhos ao chão,<br />
de pés dados com os pés da mesa<br />
oferece as mãos como alimento,<br />
servindo seu colo ao cão pedinte,<br />
abriga-o acima de sua barriga,<br />
que manso manso recebe<br />
o aconchego.<br />
<br />
o som da conversa ao fundo<br />
dissipa-se aos poucos.<br />
<br />
um ensinamento servido<br />
ainda quente:<br />
<br />
seja homem, meu filho,<br />
seja homem.Marlon O.http://www.blogger.com/profile/09954438534259148725noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1032354490011121962.post-83729320542295997592013-12-17T13:09:00.001-08:002020-11-06T21:26:40.230-08:00Cecília<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-EuazU6xH5GU/UrC8rKdsD5I/AAAAAAAAAL0/5MCpoZxjwig/s1600/threleg.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-EuazU6xH5GU/UrC8rKdsD5I/AAAAAAAAAL0/5MCpoZxjwig/s320/threleg.jpg" width="212" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">(image by meutia-parahita)</span></td></tr>
</tbody></table>
queria eu que,<br />
na rua martim afonso<br />
fossemos jovens para sempre<br />
<br />
que a morte fosse<br />
trapaceada,<br />
como seu amigo canino<br />
fez uma vez -<br />
feito que custou-lhe<br />
uma perna<br />
<br />
que pudéssemos<br />
andar até o número 1310,<br />
escrever uma história<br />
de elevador<br />
para ler nas lentes<br />
embaçadas dos teus óculos<br />
<br />
e<br />
esquecer do amor<br />
para falar<br />
sobre um cão<br />
de três patas.<br />
<div>
<br /></div>
Marlon O.http://www.blogger.com/profile/09954438534259148725noreply@blogger.com0