na vasta mesa de madeira,
lugar onde cada um tem seu tamanho,
amo-os dividindo meus cotovelos
enquanto os garfos conversam entre si
a música das patas do cãozinho
rima com o encontro das facas
nos pratos
tendo cada um dois olhos
a conversa é mais do que as bocas podem
- Marlon!
- me chamam à existência -
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e encontra repouso
nos lábios de quem
guarda-me na voz intocável
casa -
lugar onde os pés sabem do chão
o riso cruza a cozinha,
os sotaques se misturam,
as mãos vestem-se de mãos.
espio, admirando com o canto dos olhos:
o pai;
carinhoso, na ponta,
esquece de todos por um ato
inclinando os olhos ao chão,
de pés dados com os pés da mesa
oferece as mãos como alimento,
servindo seu colo ao cão pedinte,
abriga-o acima de sua barriga,
que manso manso recebe
o aconchego.
o som da conversa ao fundo
dissipa-se aos poucos.
um ensinamento servido
ainda quente:
seja homem, meu filho,
seja homem.